sábado, 29 de fevereiro de 2020

Textos para reflexão



Textos para reflexão
                  

Quase impercebível

Ah! Só hoje; só hoje é que a mente cedeu espaço para que, o que vai reflita e agradeça ao que fica. E quero de maneira mais sincera e profunda dizer que a nada e a ninguém poderia dedicar tamanho empenho, mesmo sabendo que não conseguirei expressar tudo que mereces ouvir, pois foste e és o mais perfeito e obediente diante de todas as minhas vontades, caprichos abusivos e volúpias vãs, até com ousadia mister de quem ignora a disposição alheia.
Ah corpo! Como podes ser tão fiel a quem faz tanta exigência e até força à perfeição? Sabes que o próprio, não daria tanto sem algo em troca receber. Quando lembro que nunca me disseste um não, sinto em tua pele o quanto te devo em gratidão. Quando cansado, sem poder corresponder, ainda tinhas que ouvir murmúrios de quem por vezes, e por muitas vezes, não teve a capacidade de entender o quanto és apenas carne e osso num universo de uma natureza infrene onde tudo é transformável.
Nunca me desloquei sem necessitar de ti; mesmo nas mínimas locomoções, nos pequenos gestos e até no soltar de uma lágrima ou no ar de um sorriso, precisei que correspondesse a essa expressão. Já nas longas e duras jornadas, aí então, não tenho as necessárias palavras que possam mencionar o quanto foste companheiro irmão, tipo dois em um, enquanto viver. Agradeço também ao tempo, mesmo no final, pelo instante reflexivo e voltado para aquele que de mim nada exigiu.
Hoje irei, mas fique com a certeza de que alguém jamais teria sido tão prudente.
                     
       
      Eu e ele
  
 - ...?

 - Eu estou bem. Ao contrário deste velho corpo que perde a resistência e com ele quer me levar. É verdade, eu estou muito bem, mas ele não. Estou bem porque enquanto ele perde a capacidade de se reproduzir, eu me renovo e cresço, aprendo que não é com ele que devo ir, pois ele perece, eu vivo; e com o passar do tempo aprendo que a vida é para sempre. Lamento por ele, por saber que nasceu e vive para me servir. Foi companheiro inseparável e senhor do meu abrigo. Lembro-me das muitas vezes, as quais discordou de mim, geralmente querendo sempre o melhor e palpar o que a vida não parecia querer lhe dar. Olha, é impressionante como ele é fascinado pelo oposto; e que tem muito bom gosto eu não posso negar. Interessante é que esse seu bom gosto me balança e muitas vezes consegue me levar. Aqui pra nós, confesso que o agradeço, mas sem que ele perceba, porque é vaidoso e tentador. Também podera, a ele cabe o instinto, a mim, o raciocínio, que me dá forças para controlá-lo e mostrar-lhe que apesar de sermos dois em um, temos caminhos diferentes. Sei que é forte e quer me fazer seu escravo, porém, o que é para sempre não pode ceder e saciar-se apenas com os mesmos desejos que satisfazem, por momentos, àquele que vem, vive, mas se vai após um certo período.
      Não diria que estou feliz. Nem poderia. Seria um grave desequilíbrio meu num momento de reflexão. Como poderia dizer que estou feliz, se faltaram em minhas mãos tudo aquilo que poderia aliviar as míseras necessidades minhas e dos meus. Se a ele não pude saciar sequer um dos incontroláveis desejos que por tantas vezes o deixaram trêmulo ao vê. Trêmulo e exalante por sentir e não poder, porque dizem ser proibido.
      No mais, voltando-me à compreensão, posso dizer que estou bem.



                 
    
Por que não param?
                                                                                                                      
Enquanto os abarrotados pela dor e pelo impacto que castra os sonhos e a aspiração dos que ainda buscam algum significado do que é viver, gritam na solidão de um silêncio que não ecoa, os que almejam e sentem prazer no que destrói, avançam indiferentes com a apatia própria dos que enxergam os outros apenas como um lixo humano.
     Por mais que a história insista, não dá para conviver com uma facção que promove intermináveis valetas de enterros coletivos apenas por deleites extraídos da tritura dos que clamam por clemência. Há muitos argumentos tentando convencer, porém é em vão qualquer explicação diante da ganância de possuir o que não lhes pertence. Só os fragilizados pela desilusão de sonhos palpáveis, entre racionais, lacrimam viver num covil onde os de lá não sentem a dor alheia.
Que gene será que lhes falta para que a indiferença seja a base de suas vitórias rudes, onde o produto final é um saldo de cadáveres e de vivos ressecados?
Por que não param? Talvez os que sofrem sejam frutos do destino do Faraó, ou de Esaú; e os que talham, sejam frutos dos que tiveram o coração endurecido.
                                                                                                                                                                                                          
     Ir

Em cada guerra existem apenas dois lados: o de cá e o de lá. Pode envolver-se o mundo todo, mas sempre só haverá o contra e o a favor. Os motivos variam, mas existe sempre uma sede comum entre elas. Tudo pode ser diferente em cada uma delas: épocas, alvos, soldados, motivos, ... tudo, mas a sede é sempre a mesma: o poder. Pouco importa quem vai ou quem fica. Não importa se machuca, se destroi ou sacrifica. Não importa o filho órfão ou a mãe que grita. Tem que ir, passar, chegar. A ordem é atirar e o alvo é o outro, o contra, que como o de cá não passa de um ser usado por um indiferente e frio grupo que tem como objetivo manter o domínio, mesmo que tenha de eliminar quase toda espécie humana; mesmo porque na concepção deles o povo e o policial não passam de instrumentos descartáveis e bonecos protetores.
Mas, se a guerra é natural, se desde séculos antes de Cristo, Deus escolhia os Seus e ordenava que vencessem os outros, temos que admitir que a história universal vem apenas ligando seus pontos pela força da natureza. Em suma: se a vida é um campo de batalha e a ordem é avançar, e se somos atores ou apenas figurantes, só resta a cada um prosseguir, ir ... tentar alcançar.
                                                                                  Sei lá

 Há milênios, desde a existência, o povo é lesado através de blá-blá-blá. Cada vez que ele fica mais arisco as teorias progridem. O homem público fica mais “comovido” e “sensível” à situação mísera da nação. Este é o lema de gerações e mais gerações, e até hoje as pessoas continuam rudes, cometendo a gravidade de os tornar líderes e até ídolos.
  É confuso vê que depois de tudo que a história tem nos mostrado através dos séculos, as pessoas, principalmente aquelas mais maduras no seu senso crítico, ainda venham acreditar que a solução esteja na implantação de um novo sistema. Não se pode acreditar que pessoas que se dizem está empenhadas na luta por um mundo justo se tornem um imenso comboio, sempre exposto a um novo jogo de laço.
  Não existe sistema político ideal. Qualquer um deles, já vindo ou ainda por vir, usou e usará o homem simples como alvo de suas projeções. Acreditar num sistema é se fazer presa fácil de dominar.
  Os séculos têm nos mostrado que seria amando uns aos outros que transformaríamos essa “cadeia alimentar” em um mundo de humanos. Que todos os recursos que possamos ter, ainda assim, é insuficiente sem a dosagem do coração.
                                                                                                                     
                      
        
Você concorda?
  
   Às vezes dá para sentir que o homem já encontrou sua definição, apenas não aceita ser um simples ente programado, pois assim, no seu modo de ver, se tornaria algo sem o seu suposto valor. Seria apenas servo e nunca senhor. Interessante é que este comportamento não é criado por ele próprio, mas recebido, para que viva tendo a impressão de que pode, com a busca, preencher o vácuo da sua insatisfação. É este comportamento que o impulsiona a escrever a página de sua vida numa folha que, sem saber, não está mais em branco, pois não admite ser um indivíduo criado para trilhar as pautas de uma história que já foi traçada e terá que ser concluída. Não admite está só a serviço, sem opção. Incomoda-se ao sentir que ao homem cabe a busca e ao Criador o adquirir; que, o conseguir é para os Escolhidos, aos anônimos, o em vão.
     Numa comparação concreta, vemos que apesar dos peixes serem todos peixes e viverem no mesmo ambiente, eles têm funções e poderes diferentes. Em relação aos homens, enquanto um nasce para equivaler ao peso de uma saca o outro nasce para equivaler ao peso de um grão. Assim como um peixe nasce para ser grande e outro para ser pequeno, também, um homem nasce para ser dominado e o outro para ser dominante. Entender que o peixe pequeno é destinado ao sustentáculo da continuação, seria admitir que, apesar de estarem no mesmo ambiente, o pequeno jamais se tornaria grande. É lógico que o homem jamais adotará isso como filosofia de vida; lembra-se? Ele é movido pela insatisfação. 
                                                
                      
    
 Ele
      
 No espetáculo da vida os palhaços são muitos, no entanto o público não se cansa de arriscar vê mais um. No grande circo encontramos palhaços que brincam, que pulam, que rolam, que pisam, que gritam, que calam, que choram, que vão e que ficam.
  Sabe, o bom palhaço sempre se entristece antes do espetáculo por saber que vai encontrar um público torcido e espremido pelas mãos dos robôs que se dizem humanos. Mas ele vai, vai em busca do riso e da gargalhada, querendo sentir um mundo melhor.
   É muito triste saber que como sempre, hoje, por egoísmo e maldade um corrupto e pequeno grupo ocupa o palco para sugar uma platéia já sem riso, quase sem vida, e depois se faz público para assistir a miséria de uma nação que pela lei do uso, continua sendo nutriente para o cio de desequilibrados animais. Animais estes que se contagiam pela corrosão do germe que ansia pelo topo de um monte que já não suporta o peso de mais um.

   Oh... Palhaço!
                                                                                                                                                                                                                                                                                   Repelir
     
  A espécie humana parece ser a mais fácil de dobrar, de iludir. Parece uma amostra grátis de retardados. Nunca aprende que a vida é sempre uma repetição das tragédias em cada geração. Que desde os primeiros tempos a igreja e o poder sempre se uniram para tirar parte dos bens e dos direitos da nação. Só não sabe disso quem nunca se interessou em diferenciar entre o resto e uma porção anormal. Esse resto não aprende nem mesmo com exemplos semelhantes ao dos cadáveres vivos da Etiópia, Somália e os do resto do mundo. Nem mesmo vendo crianças deficientes e cegas, vítimas da desnutrição. Só não desperta o surdo, o mudo, o bloqueado. Se a porção vive bem, o resto não conta?
   Na última guerra mundial um Hitler flagelou e eliminou milhares de seres humanos. Se ele usava câmaras de gás campos de concentração, hoje, a nossa porção elimina o resto, a curto e a longo prazo, pelo descaso, imergindo-os nos dejetos que sugam para a exclusão da vida; montando assim uma exposição onde podemos observar quadros refletindo o privilégio da ascensão, e outros, o limite da sobrevivência. Estes últimos são opacos, pois entre suas molduras estão imagens turvas de frágeis e deprimidos à mercê dos que pregam a “justiça social.”


 Peleja
    
  No início, são sonhos impulsionados pela força da inocência, que por algumas vezes faz chegar ao ponto almejado, não se sabe se apenas por acaso ou por certa predestinação. Ao cair do sonho, também cai o véu, revelando a trilha a seguir. Num segundo estágio, a grande maioria fica a degustar o sabor da desistência ou da falta de oportunidade. Já os que seguem cavalgando, vão num galope mais lento, precavidos de alguns laços, sem se expandirem na crença de que basta molhar-se na persistência da busca, mas sim, selecionando alvos a seguir; e por vezes são alcançados. Pena que muitos já tardios, sem suco, meio murchos, mas palpáveis. Se vale a pena? É só somar tudo, avaliar com uma visão realista, e colocar na balança o que sobrou da peleja; por certo, muitos verão que se colocada esta amostra numa moldura, seus fragmentos retratarão apenas os tombos e a teimosia pelo equilíbrio. E talvez, no esforço de dizer que algo valeu a pena, uma grande porção, tenha que olhar só com os olhos do peito, já que este é o único meio de enxergar a esperança.

                                                                                                                               
 Véu

 São muitas as vezes, que basta um olhar para que o encanto envolva a gente..., que pena faz, vê o dia-a-dia, desnudando o que havia por trás do véu, e fazendo trocar o sentimento que nos complementa pela busca do entender quando e quem errou.

                                                                                       Emoldurar
      
      A partir do nascer, o convite é para a molduragem. Começa a missão dos que lhe rodeiam, e depois, a vida, com as personagens necessárias para a dilapidação emergente, começa o seu  processo de moldagem para o ato fim. Os primeiros tempos são destinados à diferenciação do ser, e o passar dos tempos, à aprendizagem para ser. Os inscritos são predestinados a aprender e ensinar a inserir e cravar o mistério do crê; os não escritos, são      predestinados a mostrar a porta e o caminho largos para a satisfação urgente e a realização do prazer. Ambos, inscritos e não, são imprescindíveis num trabalho em paralelo até o ato de emoldurar e aguardar a exposição.                                                                                                      Depois da tarefa, os não escritos, como também são criaturas e contribuíram para os “ai daqueles”, irão aguardar os tempos da regeneração ( Mt 21:31, Mt 10:14 ).                                                                                                                                                                                                                                                 
Sopro

Mesmo sabendo que uma grande facção é astuciosa e se faz diferente pela prática abusiva da manipulação, bafejando o refletir do valor moral de uma nação, tornando em vão o sacrifício da busca pela libertação, e que o caráter vem do brotar e não da educação, ainda assim, pensar que pode transformar é o que dar significado, força e razão àqueles que acreditam no sopro da vida.

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