Lábios
Atraído por lábios horizontais, contraídos e umedecidos pela libido de uma sede que parece infrene, caio na relutância que penso poder resistir; porém, vencido por um ímpeto arremate de um instantâneo empernar, que inflama-me e canaliza-me aos minados e latejantes lábios verticais, que se encontram aquecidos e protegidos por um desnudado e torneado par coxal, sou conduzido ao momento sacro da homogênea cruzada mistura labial e... sem força pra resistir, entrego-me ao deleite da imersão perpendicular para consumar e saciar o que flameja e trepida dentro de mim.
Peles
Peles que flamejam com o aroma do
imaginar... que contraem os poros e chegam ao eretismo; peles que inquietam o
tato na ânsia do se tocar... que desordenam a razão pelo ímpeto do se encravar;
peles que pulsam sedentes por regiões ainda a explorar. Ó peles! Consagrem o que de santo há, e que
foi harmonizado com porções exatas para reagir e produzir o completo saciar.
Peles! Não taxem de impossível o que têm às mãos; não desperdicem as poucas
relíquias de satisfação, pois assim, descobrirão que viver sem saciar o que
lhes encharca de sede é querer tornar fútil a dose atrevida do “vinho” que lhes
converge ao ato de multiplicar. Antes, vejam que têm à mercê da própria
decisão, o que, se não for para sempre, mas, um só realizar já sela e coroa por
uma vida o segredo do coração.
Fonte
“fonte” que resseca minha íris e incita meu
hidratar, quer-me ver murcho? Então exiba seu ondular! Mate de “sede” a seiva
que unta meu enlevo! Este que, preso em seu transbordar, não se liberta da
romaria que e: poder abrir uma fenda nesta “fonte” e, bêbado de “sede”, tatear
o fluir do desaguar e, de modo ardente, fincar-se como raio na fertilidade da
“terra prometida”; e, em adoração, poder dizer com os olhos, à cintilante
“fonte”, o que em silêncio as palavras sonham.
Sussurros
Se os sentimentos pudessem sussurrar, um no ouvido
do outro, o meu revelaria ao teu os segredos da excitação que em silêncio os
instintos sofrem para contê-la. Contariam, em detalhe, da aflição do peito
quando enxerga e cruza o teu olhar; do chamego das mãos, loucas pelos deslizes
e os toques que estimulam o romper do nó e ordenam o confluir dos corpos;
revelariam o delírio que sentem na ânsia de orçar as labiosas bordas com
o privilégio de inaugurar...; e neste instante, esqueceriam o dever de sussurrar
e, quase num esbravejar, falariam do desbloqueio da membrana que libera o coito
e leva ao ápice do se realizar.
Corpo
... Provar deste mel seria o mais doce prêmio, o
que poderia compensar os amargos da vida; pois tens o que há muito não
despertava tamanha cobiça.
Oh! Corpo que exala o que me consome, não triture
meu peito nem queira vê meu fim; socorra-me, cole-me em tua pele e entranhe-se
em mim. Faça de mim seu cortiço, o favo que se lambuza no imergir desse
transbordo, quase “inocente”,
mas senhor desse festim.
Fascina
O
que é belo fascina, desperta desejo, aperta o peito e dificulta a respiração,
desequilibra o estável e faz perder a razão. E, muitas vezes, nos leva a cair
na luta entre o “bem” e o “mal”; nos faz pensar se vale a pena passar pela vida
sem provar o proibido, sem atender os estímulos e os apelos do coração.
Vida
Este olhar
... Ah este olhar! Que no momento oportuno sabe dizer e
pedir o que deseja o coração. Ó esse
olhar! Ouse, ao menos por um instante,
quebrar a timidez e fixar, naquele que, ainda inibido, aguarda o teu revelar,
para também confirmar seus quereres e a ânsia de acoplar. Não refute o
que a pele transmite com batimentos e impulsão; convence-te da destinação;
desmorone esse bloqueio apenas com um fixar, e este, mais que um sim ou um não,
irá dizer, de maneira simples e direta ao outro, ao penetrar-lhe os olhos do
coração.
Relevo
Como
eu queria
Como eu queria não ter conhecido esta “fonte” que me imaniza e extrai o
sumo da minha saciedade. Como eu queria poder arrancar de mim a bússola que,
dentre tantas belezas, só me faz direcionar o olhar a você. Como eu queria
poder protegê-la a ponto de só deixá-la afluir rumo ao verter do meu brotar.
Como eu queria não poder sentir esta labareda que se acende dentro de mim
quando meus olhos te vêem. Como eu queria me libertar desta carência que meu
corpo e alma sentem e querem ser dependentes de você, pois o instinto e o
coração querem pôr em contato nossos corpos e dar-lhes o equilíbrio da
temperatura da mente. Neste desequilíbrio entre o latejar do corpo e a razão, fico na
relutância de neutralizar os estímulos, que por vezes, me vencem e me arrastam
à tua dominação.
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